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sábado, 28 de fevereiro de 2009

Se nas brutas

Se já nas brutas feras, cuja mente

Natura fez cruel de nascimento,

E nas aves agrestes, que somente

Nas rapinas aéreas tem o intento,

Com pequenas crianças viu a gente

Terem tão piedoso sentimento

Como c’o a mãe de Nino já mostraram,

E c’os irmãos que Roma edificaram:

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Pera o céu…

Pera o céu cristalino alevantando,

Com lágrimas, os olhos piedosos

(Os olhos, porque as mãos lhe estava atando

Um dos duros ministros rigorosos);

E despois, nos mininos atentando,

Que tão queridos tinha e tão mimosos,

Cuja orfindade como mãe temia,

Pera o avô cruel assi dizia:

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

E se, vencendo…

E se, vencendo a Maura resistência,

A morte sabes dar com fogo e ferro,

Sabe também dar vida, com clemência,

A quem peja perdê-la não fez erro.

Mas, se to assi merece esta inocência,

Põe-me em perpétuo e mísero desterro,

Na Cítia fria ou lá na Líbia ardente,

Onde em lágrimas viva eternamente.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Traziam-na os …

Traziam-na os horríficos algozes

Ante o Rei, já movido a piedade;

Mas o povo, com falsas e ferozes

Razões, à morte crua o persuade.

Ela, com tristes e piedosas vozes,

Saídas só da mágoa e saudade

Do seu Príncipe e filhos, que deixava,

Que mais que a própria morte a magoava,

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Romance de D. Inês com D. Pedro

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Inês de Castro nasceu em 1320 ou 1325 e era filha natural de Pedro Fernandes de Castro, mordomo-mor do rei Afonso XI de Castela, e de, Aldonça Lourenço de Valadares que era portuguesa. O seu pai,  era um dos fidalgos mais poderosos do reino de Castela.

Em 1339 o príncipe Pedro, casou, herdeiro do trono português com Constança Manuel, Mas seria uma das aias de Constança, D. Inês de Castro, por quem D. Pedro viria a apaixonar-se. Este romance começou a ser comentado e muito mal aceite  pelo povo e própria  corte.

O rei D. Afonso IV não aprovava esta relação, sob o pretexto da moralidade, não só por motivos de diplomacia com João Manuel de Castela, mas também devido à relação de amizade  D. Pedro com os irmãos de D. Inês , Álvaro Pirez de Castro e Fernando de Castro.  Os fidalgos da corte portuguesa, sentiam-se ameaçados pelos irmãos Castro, pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. Assim sendo, o rei mandou exilar em 1334, Inês no castelo de Alburquerque, na fronteira castelhana. No entanto, a distância não teria apagado o amor entre Pedro e Inês que, segundo a lenda, continuavam a corresponder-se com frequência.

Constança morreu ao dar à luz, em Outubro do ano seguinte,  o futuro rei Fernando I de Portugal. Pedro, ficando viúvo,  mandou Inês regressar do exílio e os dois foram viver juntos em sua casa, situação que provocou grande escândalo na corte, para  desgosto de El-Rei seu pai. Começou então uma desavença entre o rei e o infante.

O Rei seu pai tentou remediar a situação casando novamente o seu filho com uma dama de sangue real. Mas Pedro rejeitou, alegando que não conseguia ainda pensar em novo casamento, porque sentia ainda muito a perda de sua mulher Constança. Entretanto, fruto dos seus amores, Inês foi tendo filhos de D. Pedro: Afonso em 1346 (que morreu pouco depois de nascer), João em 1349, Dinis em 1354 e Beatriz em 1347. O nascimento destes veio agravar a situação:  D. Afonso IV, durante o reinado de D. Dinis sentira-se em risco de ser preterido na sucessão ao trono devido aos filhos bastardos do seu pai. Agora circulavam boatos de que os Castros conspiravam para assassinar o infante D. Fernando, herdeiro de D. Pedro, para o trono português passar para os filhos de Inês de Castro.

Entretanto, o reino de Castela encontrava-se em grave agitação com a morte de Afonso XI e a impopularidade do reinado de D. Pedro I de Castela, cognominado o Cruel. Os irmãos de Inês sugeriram a Pedro que juntasse os reinos de Leão e Castela a Portugal, uma vez que o príncipe português era, por sua mãe, neto de D. Sancho IV de Castela. Em 1354 convenceram-no a pôr-se à frente da conjuração, na qual Pedro se proclamou pretendente às coroas castelhana e leonesa. Foi novamente a intervenção enérgica de Afonso IV de Portugal que evitou que tal sucedesse. O rei mantinha uma linha de neutralidade, abstendo-se de intervir na política de outras nações, o que lhe permitia paz e respeito com os reinos vizinhos.

(Extractos do texto da wikipedia)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Do teu Príncipe…

Do teu Príncipe ali te respondiam

As lembranças que na alma lhe moravam,

Que sempre ante seus olhos te traziam,

Quando dos teus fermosos se apartavam;

De noite, em doces sonhos que mentiam,

De dia, em pensamentos que voavam;

E quanto, enfim, cuidava e quanto via

Eram tudo memórias de alegria.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Tu, só tu…

Tu, só tu, puro Amor, com força crua,

Que os corações humanos tanto obriga,

Deste causa à molesta morte sua,

Como se fora pérfida inimiga.

Se dizem, fero Amor, que a sede tua

Nem com lágrimas tristes se mitiga,

É porque queres, áspero e tirano,

Tuas aras banhar em sangue humano

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Passada esta…

Passada esta tão próspera vitória,

Tornado Afonso à Lusitana Terra,

A se lograr da paz com tanta glória

Quanta soube ganhar na dura guerra,

O caso triste e dino da memória,

Que do sepulcro os homens desenterra,

Aconteceu da mísera e mesquinha

Que despois de ser morta foi Rainha.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

De outras belas…

De outras belas senhoras e Princesas

Os desejados tálamos enjeita,

Que tudo, enfim, tu, puro amor, desprezas,

Quando um gesto suave te sujeita.

Vendo estas namoradas estranhezas,

O velho pai sesudo, que respeita

O murmurar do povo e a fantasia

Do filho, que casar-se não queria,

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O assassinato de Inês de Castro

Ines de Castro

O Assassinato de Inês de Castro (Mosteiro de Santa Clara-a-Velha)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Súplica de D. Inês de Castro

Inês de Castro

Quadro de Inês de Castro

Inês de Castro

Tais contra Inês

Tais contra Inês os brutos matadores,

No colo de alabastro, que sustinha

As obras com que Amor matou de amores

Aquele que depois a fez Rainha,

As espadas banhando e as brancas flores,

Que ela dos olhos seus regadas tinha,

Se encarniçavam, fervidos e irosos,

No futuro castigo não cuidosos.

Tirar Inês ao Mundo

Tirar Inês ao mundo determina,

Por lhe tirar o filho que tem preso,

Crendo o sangue só da morte ladina

Matar do firme amor o fogo aceso.

Que furor consentiu que a espada fina,

Que pôde sustentar o grande peso

Do furor Mauro, fosse a levantada

Contra uma fraca dama delicada?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Amor Eterno de Inês de Castro

 camoes

Estavas, linda Inês, posta em sossego,

De teus anos colhendo doce fruito,

Naquele engano da alma, ledo e cego,

Que a fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos do Mondego,

De teus fermosos olhos nunca enxuito,

Aos montes insinando e às ervinhas

O nome que no peito escrito tinhas.